terça-feira, 20 de novembro de 2012

Demais pra falta que faz aqui



Av Paulista, 16h da tarde. Foi numa andança dessas que faço quando volto pra São Paulo que encontrei, na multidão, olhos conhecidos. Continuei andando até parar na sua frente, quando seus olhos afinaram ao sorriso que você abriu. “Oi, Má, quanto tempo!” Quase não lembrava como minha respiração era leve ao ouvir a sua voz. Quase não reconheci sua pinta do lado esquerdo do rosto, já que agora você usa aquela barba rala que você odiava e eu achava extremamente sexy. Sorri de volta, numa mistura de nostalgia, de vergonha e de vontade de ficar ali, reconhecendo cada traço seu que eu senti tanta falta nesses anos. A gente foi tomar um café no Center 3, onde passamos tardes tomando coca cola de uniforme e mala nas costas. Muito tempo passou, eu não tomo mais refrigerante e você  só fica acordado na base do café. O All Star azul marinho deu lugar aos sapatos sociais, a camiseta do Red Hot às camisas de botão. Percebi que você sorriu quando passamos pela escada onde demos nosso primeiro beijo. Eu estava tão nervosa, meu Deus, você precisou segurar minha mão e dizer que tudo ia ficar bem. Sua segurança sempre me fascinou e vejo que ela ainda está aí. Em momento algum você desviou os olhos dos meus enquanto eu precisava encarar o desenho do chantilly no café pra recuperar a sanidade de minutos em minutos. Vi o céu escurecer do meu lado esquerdo enquanto o café virava chopp gelado. Acho que ficamos ali mais do que deveríamos porque fomos parar no seu apartamento. Você parece ter um emprego legal agora, mora num daqueles prédios pra baixo da Brigadeiro. Sua mãe ainda insiste em mandar comida congelada e não existem muitos vestígios de mulher na sua casa. Do lado da sua cabeceira um livro de Machado que eu quase não percebi, mas foi o que eu te dei quando passou no vestibular. Dentro dele ainda a minha dedicatória desejando vida em excesso, paz, amor, dinheiro e um Adeus. O Adeus que eu não compreendo muito bem até hoje. Simulei uma chamada e disse precisar ir embora. Aquele Adeus não podia ter volta, não agora. Você me parou na porta e me encostou na parede. Sua mão segurou a minha de novo e disse que tudo ficaria bem. Eu pedi pra soltar, desci os oito andares de escada e saí na Av Paulista de volta pra casa da minha mãe mentalizando que definitivamente não sei brincar de passado. As sensações ainda são tão nítidas que pulam na minha cara se eu deixar. Você me adicionou no facebook, pediu meu celular pra minha mãe. Jamais aceitei, jamais atendi. Você é um passado bonito demais pra confundir no meu presente tão bagunçado. Você é seguro demais pra misturar com a minha insegurança.  Por isso eu peço pra não me procurar mais, não me enfeitiça com esse perfume e não me tenta com esse sorriso de canto. Vai embora e esquece o dia de hoje, esquece, esquece tudo. Mas antes, segura minha mão e diz que vai ficar tudo bem de novo.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Meu último Adeus.





Segunda feira, 19h. Ônibus lotado de gente perdida com mentes que buscam se encontrar. Não sei se o caos dessas pessoas é pior ou melhor que o silêncio conturbado que ecoa em mim. Coração apertado. Não sei também quantas vezes olhei a tela do celular desde que saí de casa tentando enxergar seu nome ali. Tentei várias vezes te dar a chance de eu estar errada, mas não. Nada. Olhares desperdiçados e telas vazias. Ainda me pergunto o porquê. Há quem questione como pode ser amor se dói tanto. Será que sou pouco ou simplesmente tanto que sobra? É essa diferença matemática de espaço que machuca. E o pior é que você finge não perceber ou não liga o suficiente para se importar. A verdade é que vivemos e nos entregamos em frequências totalmente diferentes. Eu preciso de você em cada dia da minha semana do meu mês do meu ano da minha vida enquanto você só me quer depois de ter tomado banho, jantado e descansado. Eu quero ficar do seu lado até a fome apertar e a gente resolver pedir Habibs. Minha intensidade me exausta quando comparo com a falta da sua. Será que tanto do pouco tempo que vivemos só serviu pra provar que não nos encaixamos tão bem assim? Sou menina de tantas incertezas mas a certeza do meu sentimento choca com a incerteza do que é real. Dúvidas que você insiste em negar que eu vejo tão claras e sem máscaras. Eu até queria colocar um ponto final no lugar de todas as suas interrogações e terminar por aqui, mas esse texto não comporta finais felizes. E não vai ter. Adeus.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

As paredes roxas...


Eu sei que eu disse que não ia voltar, mas juro que tudo o que eu queria agora era não ter saído do teu abraço naquela tarde quente que você me deixou aqui. Eu quis ficar e eu não olhei pra trás, eu não te vi chorar.
Eu sei que eu briguei tanto pra vir, não dei valor pra todas as noites que você não dormiu se perguntando o que aconteceria se eu não conseguisse. Eu também não dormia, e eu ouvia suas orações do outro lado da parede.
E eu sei que você também me ouvia chorar, sentia minha dor. E doía, viu? Doía precisar do mundo e só ter aquelas quatro paredes. E agora dói ter todo o mundo menos aquelas quatro paredes. Roxas né? Eu lembro delas... e do cheiro delas... do barulho delas.
Elas me sufocaram por muito tempo quando o sol detrás da janela era tudo o que eu podia ver. Mas a gente cresce e precisa tomar conta da gente. Da casa, da vida. Hoje tudo é tão diferente! O quarto roxo deu lugar às fotos na parede e os móveis brancos foram trocados pela cama de casal e o armário bagunçado. A bagunça que tá sempre na minha cabeça e eu jogo tudo lá dentro, onde só eu e ele podemos ver. E eu queria te falar disso também. Agora tem alguém que cuida de mim enquanto você tá longe. Eu sei que você não gosta da ideia e não concorda com as minhas escolhas, mas eu queria te dizer que é a primeira vez nos últimos anos que eu vejo um túnel. Isso, um túnel pra ter luz no fim porque antes nem isso eu via. Sim, ele me beija a testa mas ele também me faz mulher. A que eu sempre quis ser. O abraço dele ainda não é tão quente quanto o seu, mas me mantém viva. Viva, você ainda lembra como é se sentir assim? Viva? É por isso que dessa vez eu tô olhando pra trás e vendo essas lágrimas nos seus olhos. Mas viu, olha pra cima e vê que tem túnel e tem luz no fim dele. E pára, por favor, pára de chorar. Pára porque a minha felicidade depende da sua e tudo o que eu não queria era te decepcionar. Não chora mais... Por favor?

terça-feira, 12 de junho de 2012



Esse é o primeiro dos setenta textos do Ei, Me encontra! cuja publicação está programada. Dia 12 de junho, 13 horas.

Já é madrugada do dia 11, 3horas e 44minutos. Faz umas três horas que você saiu daqui. Acho que foi a primeira vez que você veio e não ficou. Eu tinha trabalho pra fazer, você também e então foi embora. Eu fiz meu trabalho, juro. E tô com sono também, mas antes eu precisava vir aqui. Te falei que não escrevo por obrigação né? Mas tem hora que é assim, eu preciso.

Amor, esse é o meu presente pra você. 

Talvez eu não seja tão boa com as palavras ao vivo quanto sou quando estamos só eu e a tela desse computador, depois que você já se certificou de que eu jantei, já me arrancou suspiros, levantou cada pelinho das minhas costas, me fez morrer de saudade e ainda me deixou com cara de boba, olhando sua moto virar a esquina e sumir na Henrique Savi. Talvez eu realmente ainda não esteja acostumada com a ideia de depender de alguém tanto assim, de poder ter mil lugares pra ir e coisas pra fazer mas querer apenas fazer nada e ir pros teus braços. A verdade, amor, é que você não tem noção do que você faz comigo. Eu estou sozinha aqui na sala de casa olhando pra blusa que você esqueceu em cima do meu sofá e tudo o que eu queria é que você notasse a ausência dela e viesse buscar. Aliás, porque você não nota a minha ausência e vem me buscar também? Juro que eu faço o almoço que eu prometi meses atrás! Mas vem me buscar, amor, e não me solta nunca mais...

Eu sei que eu disse que são seus olhos que eu nunca esqueço, mas na boa? Eu nunca esqueço é de você inteiro! Do jeito que você me faz ver o mundo, da vontade que eu tenho de viver ao seu lado, do medo de você não estar aqui daqui 6 meses ou 2 anos. Promete que se você for, você me leva junto? Mesmo que seja dentro do seu peito, no seu olhar... mas me leva!

Hoje mesmo você me disse que não gosta de ler meus textos, de ver que existiu história antes de você. De fato, amor, existiu história, mas dessas de contos de fada, sabe? Começo, meio e fim. Acho que é por isso que eu tenho evitado tanto falar de você, de nós. Logo eu que sempre digo que tudo tem um final, achei o meu pra sempre. Talvez seja hora de mudar as coisas por aqui... esse texto é só o começo, e o meu pra sempre é você.

domingo, 8 de abril de 2012

Pra uma vida inteira...


Me enrolo no lençol em busca de calor. Evito olhar para o lado e sentir sua falta. A cama que nunca foi suficiente pro nosso amor agora sobra. Sobra a tua ausência e falta a tua samba canção debaixo do travesseiro. E esse ainda exala o seu perfume que não consigo confundir com nenhum outro. Eu fecho os olhos e tento dormir. Eu aperto os olhos e só quero dormir. Bobeira minha achar que seria capaz de pegar no sono sem saber ao menos onde você está, se está bem, se sente o mesmo frio que eu sinto longe do seu peito que segreda o coração lindo que você tem. 3 da manhã. O relógio do meu lado esquerdo não me deixa esquecer que daqui a pouco eu tenho que levantar pro mundo, vestir minha felicidade e maquiar a saudade pra dizer pra todos que eu te superei. Não, eu não quero outro homem. Eu não quero essa cama ocupada se não for por você. Eu não quero acordar de madrugada se não forem as suas costas que eu vou achar na beira na cama. Eu não quero beijo nenhum de bom dia se não for o do seu piercing que tanto me enlouquece, aí no cantinho do seu lábio. Eu só quero que você saiba que eu ainda durmo com seu moletom, que eu te espero no meu lençol todas as noites. Eu acho mesmo que você devia deixar esse seu orgulho no caminho pra minha casa, sua noção de certo e errado no portão aqui do prédio. E entra. Entra todo você e todo meu que eu sou toda sua. Vem pra me dizer que volta e que fica, pra sempre.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Demorou, mas chegou.

Não sei quantas vezes abri esta página no último mês, quantas frases comecei e não soube terminar. Não sei quantos assuntos eu quis compartilhar e não consegui. Quantos sorrisos e quantas lágrimas que eu não soube traduzir. Tanta coisa que nem mesmo o que sempre foi minha válvula de escape conseguiu aguentar. Assim, as vezes eu travo. Tenho parágrafo e letra maiúscula mas não tenho um ponto final. Me falta um título para o ano que se foi, talvez um cartão de Happy New Year para o que se começa. Pode ser que eu já tenha começado errado, medindo o passado e não planejando o futuro. Seria injusto da minha parte esquecer 2011. Deixar passar todos os sonhos que realizei e todas as dificuldades que eu superei. Existiram cabeças baixas e existiram choros de madrugada, mas a mão estendida e a força de vontade sempre estiveram ao meu lado pra me fazer levantar. 2012 então vem pra ser ainda melhor. O que eu espero pra esse ano? Que minha vida siga o padrão do texto que eu sempre fiz questão de seguir. Título: Felicidade. Parágrafo. Letra maiúscula. Ápices. Introdução à simplicidade. Desenvolvimento de caráter. Desfecho dos erros. Enfoque? Perdão. Que eu seja assim, feliz, simples, com valores, persistente. Que eu seja perdoada e que eu aprenda a perdoar. E que ame sem medo de não acertar. O começo eu sei como vai ser. Durante o meio não sei dizer pois estarei muito ocupada vivendo. O final? Esse deixa que a vida coloca por mim. E que comece agora, por onde se deve começar.