quinta-feira, 25 de abril de 2013

A tal da liberdade




Com certeza foram dias difíceis. Não tenho como negar que vivi um ano no êxtase do sentimento, que descobri muitas coisas boas, experiências novas e emoções que eu nem fazia ideia que pudessem existir. Mas, num belo dia, eu cansei de relutar e me acostumei com o pouco. Dizem mesmo que a capacidade do ser humano de se adaptar às coisas é impressionante. Inclusive às ruins. E eu me acostumei com migalhas. 

Há meses deixei que me diminuíssem, que me fizessem acreditar que o problema era eu. Mas não era. Não era porque eu fiz o possível - e até mais - para reverter uma situação que já não tinha volta. Lutei por um relacionamento que já estava fadado ao fracasso porque eu estava sozinha. 

Carreguei você e suas frustrações nas costas, enquanto colocava os meus medos no bolso. E aguentei firme até você perder a noção do respeito. Não estou dizendo que nunca errei, errei sim e feio. Mas eu nunca desisti de consertar os meus erros. 

Racionalmente, o nosso fim foi uma decisão necessária. Emocionalmente, sinto sua falta do momento em que escorrego da cama em meus joelhos ao momento em que o sono me vence. Lembro do seu cheiro e procuro o seu perfume em cada homem que passa ao meu lado. Anseio os seus passos no corredor quando ouço um carro estacionar na garagem. São as lembranças que eu criei de você, a imagem que eu fantasiei. Assumo que já não sei distinguir o que você realmente foi e a imagem que eu pintei em você, tão colorida.

Mas nem a Capitu aguenta me ver chorar mais. Não sei quantas vezes o pelo dela já se molhou e secou enquanto ela dormia perto do meu rosto. Eu tô frágil, mas eu sou forte. Ter a parte boa sem compromisso nenhum é fácil demais. Que sirva de aprendizado para os próximos.

Me recuso a dizer que fui idiota. Não fui. Eu fiz tudo o que o meu coração mandava, eu me esforcei e me empenhei por um compromisso que eu havia firmado, uma aliança que, pelo menos para mim, era mais que um metal segurando meu dedo. Fiz sozinha, mas fiz minha parte. 

Ouvi por aí que fui perfeita, mesmo não gostando dessa palavra. Ouvi que fui corpo, sim, mas fui alma. Não vou me deixar enganar e aceitar que eu fui o problema. Não fui. O que você quer agora é aproveitar suas oportunidades, sua vida, bebidas, mulheres e, só o que eu posso te dizer, é boa sorte, de coração. Boa sorte porque eu sei que essa vida é triste. Depois que o copo seca, não sobra nada.

As suas coisas estão ali naquela caixa. Sua sanduicheira, seu blazer e suas cuecas. Ah, não posso esquecer da aliança que você deixou aqui, talvez numa tentativa de me fazer esperar. Pode levar tudo, porque eu não quero estar presa a alguém que quer essa tal de liberdade, quando na verdade quem está preso à convenções e  orgulhos é você. 

Não quero desacreditar no amor. Já dizia o bom e velho Carpinejar, "liberdade na vida é ter um amor para se prender".