domingo, 28 de agosto de 2011

Você se lembra?

Você vai me desculpar, mas eu não consigo esquecer. Não consigo te olhar naquela rodinha de amigos e não te encarar, te examinar, ter certeza de que você tem estado bem... Olha, eu sei que eu errei, eu sei que eu quebrei a sua confiança, eu sei que eu perdi o seu respeito. Eu sei, eu sei, não precisa olhar pra mim com essa dor nos olhos. Essa vontade trincada de se aproximar, mas inerte por saber que não deve. Eu sinto seu maxilar ranger querendo me dizer alguma coisa, talvez voltar atrás, quebrar todas as palavras de amor que um dia você disse. Mas me perdoa, eu não consigo esquecer. São tantas fotos que ainda estão coladas na minha parede, seu sorriso me dando bom dia toda manhã. Sua escova de dentes, tão clichê, que ainda divide espaço com a minha no banheiro aqui de casa. Você não veio buscar pra não ter que dizer adeus, não é? Eu não teria forças pra desistir de você, te deixar ir embora. Talvez eu chorasse, talvez eu simplesmente te encarasse, na esperança de você perceber que isso tudo não foi uma completa mentira, não foi. Você não se lembra das noites em que apenas nos abraçamos e dormimos? Do olho-no-olho durante tantas conversas e confissões? Do silêncio do nosso beijo quebrado pela respiração pesada? Você não parece lembrar... e eu não sei esquecer. Mas tenta, amor, tenta... Eu errei, eu sei. Foi burrice. Mas você sabe que errar é humano, é natural. Não estou tentando me justificar. Eu fui humana pra errar,mas sou o suficiente também pra admitir que eu te amo.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011


Fecha os olhos, respira, vira as costas, anda, anda, anda, não olha pra trás. Eu sabia que era isso que eu devia fazer. No fundo eu sabia. Mas eu deixei o segundo beijo acontecer. Era mais forte que eu. Eu queria ficar ali. Te olhando. Tentando descobrir o que você esconde atrás desse olhar distante, dessas mãos que você encaixa tão bem na minha cintura. Eu precisava saber dos seus problemas, saber da sua história, dos seus planos, dos seus sonhos. Eu precisava porque eu queria resolver, te ajudar, fazer parte deles. E eu queria acreditar. Não acreditar em você, porque enquanto eu te encaro eu não consigo aceitar que não seja verdadeiro, que você não sinta todas as faíscas que eu sinto, mas acreditar em nós dois. No que a gente poderia ser. Em tudo o que a gente poderia viver. Mas eu não fechei os olhos, eu nao virei as costas, eu nao sai andando sem olhar pra trás. Eu fiquei lá, parada, inerte, fitando você. E agora é tarde demais, eu não sei mais sair desse abraço. E meu coração, tão cheio das letras de música que contam histórias de amor, só sabe sussurar "I dare you to move..."

sábado, 20 de agosto de 2011

Notice.


Eu realmente acho que tá na hora de você perceber. Perceber que eu não sou como essas menininhas que você está acostumado. Eu sou muito mais... eu sou mulher. É verdade que eu sou o suficiente para subir num salto 12, vestir um decote profundo e me livrar de tudo isso num instante quando estamos só nós dois nessas 4 paredes. Mas mais que isso, eu sou mulher embaixo de todo esse preto que circunda meus olhos. Eu sou sua certeza de me encontrar ao seu lado quando amanhecer, eu sou a credibilidade de um sentimento sincero. Eu sou, muito além de curvas, um assulto cult deitados na minha cama num domingo a tarde. Eu sou o colo que você procura depois de um dia difícil. Eu sou a companhia leve com um vinho suave em mãos. Eu sou e você sabe disso. Sabe porque você diz precisar ir embora mas sempre arranja um motivo pra voltar. E toca meu interfone ofegante repetindo meu nome. E você entra e ocupa todo o espaço que eu sempre guardei pra você. Só que hoje você saiu e eu já não sei se quero que você volte. E hoje eu resolvi trocar o segredo de todos os cadeados, trancas, portões. Tudo isso porque tá mesmo na hora de você saber que já deu. Então vai, pegue a chave do seu carro em cima da mesinha da sala, encontre seus documentos jogados no chão perto do sofá... e vai. Só que quando voltar, porque eu sei que vai, que seja pra ficar. Porque enquanto você continua criando dúvidas e perguntas sem resposta, eu continuo a mesma mulher em cima do salto 12. E no fundo, você sabe o risco de me perder pra tantos por aí mais resolvidos que você. Então vai, porque eu não quero ouvir você dizer que eu te prendi. Mas quando vier pra ficar, talvez eu já não reconheça mais sua voz do outro lado da linha, nem sua mão encaixada na minha. Talvez, dessa vez, eu te peça pra ir embora.