quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Detalhes frescos


Você travou a porta do carro me impedindo de sair. A luz de dentro acesa iluminando bem as suas intenções. Meu sexto sentindo implorando uma frestinha de escape, mesmo que fosse só a abertura da janela. O seu olho no meu que quase entrava na minha mente dizendo que me queria. O pouco de juízo que ainda me restava perdendo força. 30 segundos com a porta fechada e a luz se apagou, e com ela levou toda a força que ainda me mantinha parada no banco do passageiro. Você me desafiou, não sabia porque eu resistia tanto a algo que não era segredo pra nenhum dos dois. Eu te desejava tanto quando você sonhava comigo. O salto alto que já não elevava meus pés, sua mão que eu parei na minha coxa. O canto do seu olho - que por acaso do destino não é verde como o da sua mãe - e a sua camisa que levantava imitando sua respiração. Você se segurava tanto quanto eu. O silêncio foi inevitável. E você se aproximou. Eu recuei por um instante tentando me convencer que eu não podia. Fechei os olhos. Você foi mais rápido que eu e deixou seus lábios encostarem no meu. Devagar. Eu vi faíscas saírem daquele beijo, que em segundos já não me continha nos limites do meu banco. Eu senti o choque da sua pela na minha, soltei sua mão que eu impedia até então. E esqueci. Esqueci tudo o que era certo e tudo o que eu não devia fazer. Eu já estava no lugar e hora errados mesmo. As faíscas só aumentavam na brasa que não dava conta da fogueira. O relógio apitou meia noite. Você se recompôs e disse precisar ir embora. O carro não era seu. Eu exitei mas voltei ao meu salto. Você destravou a porta..."Eu te ligo amanhã." Os olhos se encontraram novamente provando o mesmo veneno de antes. Eu dei as costas e saí. Espero sua ligação.

5 comentários:

  1. Tivi vontade de ser aquele cujos olhos, por acaso do destino, não são verdes como os da mãe...

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  2. http://www.socialanxietyselfhelp.com/blog/wp-content/uploads/2010/04/help-with-blushing.jpg

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