domingo, 19 de setembro de 2010
Eu sou ingrata...
A verdade é que eu sou ingrata. É, ingrata sim. Eu passei 17 anos da minha vida - como se fosse muito tempo - pedindo um príncipe encantado, que fosse alto, bonito, simpático e que não ligasse pras minhas gordurinhas ou cismas ou tpm's ou seja lá qual defeito mais eu tenha. E num belo dia eu acordo, e me sentindo boa o suficiente resolvo ir falar com ele. E falei. A gente saiu e as lacunas de assunto eram preenchidas por beijos sem motivo, meio desajeitados, típicos de quem não se conhece. E eu fui embora, com o coração na boca, a mão suando. Eu parecia mesmo uma adolescente de 17 anos que nunca tinha namorado. Mas eu sou ingrata, eu ja disse. Continuo achando ele alto, bonito e simpático, mas sempre há alguém menos alto, menos bonito e mais simpático. E esse alguém me abraça como se conhecesse meu corpo centímetro por centimetro, e respira no meu ouvido como se soubesse que isso me enlouquece. E me segura pelas costas como quem não quer nada mas ao mesmo tempo daria tudo pra me ter ali. E ele tem. E tá errado. Tá errado porque o príncipe encantado continua me ligando, e me deixando scraps e sempre tem uma mensagem de texto dele no meu celular. E ele é tão perfeito que eu não consigo trocá-lo pelo outro. Mesmo que o outro faça meu coração disparar só de sorrir, faça meu estômago se contorcer só de apoiar a mão no meu ombro, e faça meu corpo se enrigecer tentando manter a postura, enquanto me seguro para nao abraçá-lo, não me aproximar... E as mãos dele continuam em mim, embora os olhos nunca encontrem os meus, embora os pensamentos estejam tão longes que nem sou capaz de alcançar. Mas ele insiste em estar presente em cada pensamento, em cada suspiro e em cada vontade de me suicidar. E me suicido assim, diariamente, enquanto um príncipe ainda luta por aí tentando me salvar de algo que eu não consigo me livrar, ou consiga, apenas não quero.
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