sexta-feira, 1 de julho de 2011

Dois polos que me prendem...


Entrei no ônibus procurando meu lugar. Poltrona 19. Achei. Uma vez sentada, é hora de me preparar pras 5 horas que me esperavam na companhia da paisagem do meu lado direito. Sempre preferi sentar na janela, olhar a vista e não precisar conversar com quem sentasse do meu lado. Viagens, pra mim, sempre foram mais que percorrer vários quilômetros, mais que uma rotina que agora faz parte da minha vida. Viagens são viagens, e implicam no tanto de pensamentos que resolvem subir no ônibus comigo e tomar conta de mim durante todo o percurso. E dessa vez não foi diferente. Duas malas gigantes no bagageiro, notebook na bolsa, os fones no ouvido e um aperto no coração. Músicas com tantas histórias, frases com tanto sentido. Lembranças que eu carreguei comigo 6 meses atrás quando deixei minha cidade pra me aventurar a 350km de distância. Lembranças que agora martelam no meu coração pra voltar. Eu cheguei numa cidade nova, deixando toda a minha vida para trás. E construi outra, com todo o cuidado que devia. Deixar essa vida pra me lembrar que existiu outra antes dela nunca foi tão difícil. A noite começa a chegar, as árvores começam a ficar turvas na minha janela. Milhares de pessoas que me esperam, e esperam que eu diga que me arrependo, que quero voltar. Mas não. Eu construi uma vida onde o acaso me deu oportunidade. E aproveitei, e curti, e agora deixei. Opa, o céu já está negro, todo pintado de estrelas. Eu começo a ver pequenas luzes brilharem lá no fundo. É São Paulo, a cidade do caos. Vinte minutos me restam pra curtir a nostalgia que cerca viagens. Mas ta no fim. O ônibus está encostando. Eu vejo a placa "Barra Funda". Do lado dela o meu pai, com um sorriso no rosto, ansioso pela minha chegada. Hora de secar as lágrimas e aceitar que eu voltei. "Oi pai, que saudade! Enfim em casa."

Um comentário: