Essa é mais uma noite de quarta-feira. Abri minha Budweiser e aquele pacote de Torcida que estava jogado no fundo do armário há algumas semanas, só para me dar o direito de relaxar por alguns minutos e não pensar em nada. Acho que pedi demais a Deus porque jornalista que é escritora e vice-versa não pode - ou não consegue - se dar ao luxo de não pensar. Foi só o álcool começar a fazer efeito que um milhão de pensamentos começaram a passar pela minha mente um tanto perturbada. Sim, estou escrevendo esse texto já com os dedos meio amortecidos. Podem me julgar.
Fico meio em choque ao pensar em como o passado pode influenciar o nosso presente e, consequentemente, o nosso futuro. Li uma vez no Facebook uma psicóloga falando sobre um tal de um copo e resolvi seguir o lema para a minha vida. Segundo ela, um copo não é pesado, mas pode se tornar conforme o seguramos. Ele é muito leve se o erguermos por 10 segundos, mas pode ficar um pouco desconfortável se o fizermos por 1 hora. Segurando-o por um dia inteiro então, sentimos uma dor tão grande no braço que os 300 gramas que pesa parecem 300 quilos e, então, temos o braço amortecido pelo peso relativo daquele objeto. Ao fim da história, percebemos que o copo é como os nossos problemas. Por menor que eles sejam, é preciso largá-los para que eles não nos imobilizem e nos impeçam de seguir em frente.
O dia em que li esse texto foi esclarecedor. Logo eu que, na época, estava passando por muitos conflitos passado-presente-futuro. Vou ser sincera com vocês: sempre tive uma quedinha pelo passado, tipo amor de infância que não se troca e não se larga, sabe? Sempre gostei de uma nostalgia. E posso dizer que brincar de passado é meio perigoso porque é como uma corrente que te prende a coisas que nem existem mais. E, por não existirem, é difícil se libertar delas.
Não estou dizendo que devemos negar o que vivemos, com quem vivemos, como vivemos. O que aconteceu, aconteceu e, tendo feito bem ou mal, nos moldou para que nos tornássemos o que somos hoje. E acho até justo olharmos para trás, como as crianças que dão tchau para os carros na estrada, porém, é preciso termos a certeza de não trocarmos os pontos finais por vírgulas. Tudo o que aconteceu - nesse tempo verbal - deve ficar onde terminou.
Se eu parar para pensar, consigo enumerar diversos finais nos poucos vinte anos que existo. E, em cada um deles, querendo ou não, fui obrigada a dar enter, apertar o Caps Lock e começar um novo parágrafo. Talvez a vida seja assim mesmo, cheia de começos, meios e fins. Talvez os fins sejam necessários para os recomeços e esses, por sua vez, imprescindíveis para seguir em frente. Então que eu - que a gente - saiba aceitar os fins, escrever os recomeços e viver a vida que nos é dada todos os dias. Que o presente não seja sombra de um passado distante e que o futuro se re-inicie a cada piscar de olhos.