Oi bonito. Estava com saudades de te chamar assim. Faz tempo, né? Eu sei. Eu tenho lembrado muito de você ultimamente. Da sua calça de pijama e da cicatriz que você tem na barriga. Depois dos meses de choro seguidos pelos dias de raiva, veio a vontade de saber como você tá. Se você ainda perde a hora sem minhas ligações pra te acordar, se você ainda esquece de fechar a janela pra dormir. Odiava ter que levantar da cama quando começava a clarear o quarto pra fechá-la, sabia? Te procurar nas redes sociais já virou mania, necessidade de ainda fazer parte da sua vida mesmo sem você saber. Não pense que não sei que você passou no teste e conseguiu um estágio, nem que você andou de rolo com aquela menina da faculdade. Eu via os sinais sutis nas fotos que você curtia. Não pense que não vi você chorar aquele dia do outro lado da rua, sentado na calçada. Eu sei que você queria entrar. Na verdade, bonito - e meu coração sorri cada vez que eu te chamo assim-, jamais vou me esquecer do cigarro que você tenta mas não consegue largar. E das vezes que eu comprei um da mesma marca que o seu pra tentar te esquecer e me peguei tossindo segundos depois da primeira tragada. Você é igual a essa fumaça que não desce por nada na minha garganta. O que aconteceu com a gente? Achei que éramos pra sempre. Achei que, mais cedo ou mais tarde, a gente ainda ia se pegar, cada um em sua casa, olhando para o nada e dando risada do que a gente foi. Sentindo saudade. Mas não deu né? A nossa história é linda demais para a gente correr o risco de reviver e estragar tudo. Eu gosto de lembrar de você assim, com o sorriso de canto e a cabeça encostada na minha barriga. Gosto de te lembrar feliz. Então vai e não volta. Mas continua essa lembrança boa, essa saudade gostosa. Vai, que eu vou ficar aqui, assistindo você do outro lado da rua, fumando o seu cigarro e me intoxicando sempre de e com você. Vai e faz o favor de ser feliz, porque se você não for, bonito, eu juro que eu corro de volta pro seu abraço e faço de você o meu mundo de novo.
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
domingo, 1 de setembro de 2013
Uma carta ao passado
Havia muitas coisas que ela gostaria de ter te dito aquele dia. Havia um mundo inteiro que ela gostaria de ter explicado. Todas as razões e todos os caminhos errados que vocês tomaram e ela queria mesmo ter te contado. Ela precisava te dizer sobre todas as curvas que ela fez e todas as vezes que ela quis olhar para trás e não conseguiu. Ela tentou e você sabe. Até parece que você não lembra daquele sorriso de canto que ela dava só para você. Até parece que você não lembra daquela noite em que vocês fugiram de tudo e todos e sentaram na calçada do quarteirão ao lado. Só vocês dois e os segredos que vocês contaram um para o outro. Você falou do seu avô, ela contou sobre os problemas com o pai e sobre uma época bem sombria da vida dela. Aquela havia sido uma noite importante para ela, para vocês. Mas ela queria mesmo ter dito muito, ter dito tudo mas não conseguiu. Você lembra dos olhos dela? Do desespero que você enxergou neles aquele dia? Do quanto ela evitou olhar no fundo dos seus olhos e do tanto que a respiração dela pesava? Vocês se abraçaram e ela chegou a molhar sua camiseta de tanto chorar. Ela estava vestindo a sua blusa e eu sei que você lembra disso. Eu sei que você olhou bem e pensou que meu deus ela ainda é linda demais mesmo com esses olhos inchados e o coração apertado, meu deus, ela é. Ela achava que sabia o que era solidão até bater o portão na sua cara aquele dia. Ela pediu para você ficar, ela implorou com todas as forças que ela nem sabia que ainda tinha. Ela fechou os olhos e rezou forte pra não ser verdade, pra abrir os olhos e encontrar os seus do outro lado da cama em mais um domingo preguiçoso. Você não olhou para trás. Você não viu o mundo dela desmoronar junto com cada grito silencioso que ela soltou. Rapaz, você foi muito burro. Você foi porque aquela menina que você deixou para trás é o meu mundo agora. Eu luto todos os dias para apagar dela cada cicatriz que você deixou. Eu olho no fundo dos olhos dela e digo que eu não vou embora. Eu vou fazer por ela, rapaz, tudo o que você não fez. Eu vou ficar. E eu vou segurar a mão dela quando as coisas ficarem feias e vou fazer questão de sussurrar o quanto ela é linda e que eu a amo, porque eu amo. E ela vai ser feliz. Ela vai. Ela vai, rapaz, porque é o sorriso dela que abre o meu, é o toque dela que dá vida a um milhão de sensações que eu nem sabia que existiam. Ela é o meu mundo agora, rapaz. Então tira da sua cabeça que ela ainda pensa em você, que ela vive e morre por você. Você é um passado que eu tô fazendo questão de apagar da memória dela. É no meu abraço que ela adormece agora, sabia? É no meu colo que ela senta e é no meu pescoço que ela respira fundo. Você sabe do que eu tô falando, não é? Ah, rapaz, você foi burro e eu sou grato porque você foi embora e eu a encontrei. E hoje eu sou mais feliz porque ela finalmente disse que me ama. Ela me ama e você se foi. Acabou, rapaz, acabou.
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